O catarinense que guarda relíquias de JK


No dia em que se comemora o jubileu de posse do presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, um aviador lageano aposentado mostra acervo que encontrou por acaso, quando morava no Rio de Janeiro

Era madrugada de um dia de semana de 1989. O comandante da Varig Ricardo Wagner, recém havia desembarcado de uma viagem no Rio de Janeiro oriunda da cidade alemã de Frankfurt. Por volta das 6h chegou no apartamento onde morava com a mulher Jonilda. Como sempre costumava fazer, desarrumou as malas na mesma hora. As quinquilharias da viagem ele colocou num saco de lixo. Depois de ajeitar tudo, foi até a lixeira do prédio para deixar as sobras. Quando chegou no local, encontrou no chão papéis, documentos, fotos e um quadro intacto com a imagem do presidente Juscelino Kubitschek. 

Sobre a figura emblemática do político estava escrita uma dedicatória encaminhada para Oswaldo Maia Penido. O piloto catarinense achou estranho o abandono daqueles pertences. Penido, foi chefe da Casa Civil no governo do presidente JK e era vizinho de porta de Wagner no Rio de Janeiro. 

Há uma semana, ele havia falecido. O comandante desconfiou que a governanta que cuidava de Penido nos últimos dias da sua vida teria feito um limpeza na casa e não dado importância para o material que o seu patrão guardava. 

Como sempre foi um homem que valorizou as coisas históricas, Wagner recolheu aquela relíquia desprezada e colocou tudo numa mala, que ficou guardada durante 17 anos num armário. Há cerca de um mês, motivado pela minissérie da TV Globo JK, o comandante, agora aposentado, resolveu remoer aqueles pertences, com ajuda da esposa, no apartamento em Lages. Ficou quase 15 dias em cima do material. 

Projeto é fazer um livro com os documentos 

A cada foto rasgada que ele remontava, o lageano, de 64 anos, se emocionava com a história de vida que era apresentada naquele momento. Esse retorno ao passado dessa personalidade é evidenciado hoje com a comemoração do jubileu da posse de Juscelino na Presidência da República. Exatamente no dia 31 de janeiro de 1956, esse mineiro, de Diamantina, assumia o comando do país com a promessa progressista de crescer "50 anos em cinco". 

Ao ser nomeado prefeito de Belo Horizonte, em 1940, usou como compromisso a marca "Saúde e transporte". 

Em meio àquele volume de papel e pó, o ex-piloto selecionou 126 documentos, fotografias e cartões-postais escritos à mão pelo ex-presidente.

O trabalho não terminou. Tem mais uma caixa cheia de fotografias rasgadas que esperam a calma e o capricho de Wagner para serem catalogadas e colocadas em envelopes. 

Jonilda espera fazer um livro com base nessas relíquias para tornar público esse patrimônio. Wagner digitalizou as fotografias. 

- Não imaginava que guardava um material tão precioso. É um prazer ter pertences de uma personalidade tão importante e querida - comentou.